quarta-feira, 6 de novembro de 2024

O Homem Americano

 O Homem Americano

Na terra vastas, antes de nomes e fronteiras,
Erguem-se os filhos da terra, com suas bandeiras.
Os Incas, Maias, Astecas, de olhar profundo,
Guardavam o saber ancestral do mundo.

Mas o aço veio do mar, e a terra tremia,
Cultura imposta, terra perdida, poesia destruída.
Os filhos do sol resistiam com a força do vento,
Nas montanhas, nas florestas, seu único alento.

Imposição de valores que negam o direito,
Tiraram os rios, mataram o respeito.
O homem europeu, com seu olhar frio,
Desfez o que era sagrado, sem nenhum arrepio.

E entre as sombras da opressão, outros gritos se ergueram,
Os negros de África, que ao novo mundo chegaram.
Forçados a trabalhar, sem alma e sem cor,
Mas, como as estrelas, brilharam em seu labor.

Nos quilombos, a resistência se fez firme,
Na luta pela liberdade, na força que exprime.
Homens e mulheres, com coragem e paixão,
Desafiaram o aço com o coração.

Hoje, os ecos dessas lutas ressoam no vento,
O homem latino busca sua identidade, seu alento.
A memória de quem foi, a força de quem ainda é,
Nas ruas, na história, no grito de quem não se esquece.

O Homem Americano, diverso e plural,
Que carrega na pele o peso do temporal.
Mas nas suas veias corre o sangue da resistência,
E na alma, a chama da eterna existência.

Busca-se a verdade, busca-se a raiz,
De um povo que renasce e se faz feliz.
E, ao se olhar no espelho, vê-se o reflexo
De uma história que não se apaga, de um povo em processo.

Claudinei Oliveira

Reflexões do Séculoa XXI

Reflexões do Século XXI

No século vinte e um, seguimos a marcha,
Em um mundo onde a justiça é farsante e escassa.
Os ecos de um sistema que oprime e esmaga,
Onde a fome se instala e a miséria alaga.

Na rua, o corpo de quem não tem voz,
Sente o peso de um sistema que não é para nós.
O racismo grita, sussurra em cada olhar,
Mas o preconceito caminha, sem cessar.

O ódio é moeda corrente, a guerra disfarçada,
Em cada esquina, uma alma sufocada.
Nos rostos, as marcas do descaso e do medo,
Num jogo de aparências, onde ninguém cede.

Enquanto uns celebram a liberdade em banquetes,
Outros lutam pela vida, sem direitos, sem respeitos.
A pobreza é um fardo, o futuro um deserto,
E o povo, cada vez mais perto do inverso.

São tempos de promessas vazias e corações cegos,
Onde o amor se perde nos labirintos do ego.
Mas mesmo no caos, há quem resista,
No peito que pulsa, a esperança ainda insiste.

E se o século XXI nos trouxe tanta dor,
Que sejamos nós a redefinir o amor.
Que a luta pela dignidade seja nossa bandeira,
E que a justiça floresça, verdadeira e inteira.

Claudinei Oliveira

Tempos Sombrios

 Nos velhos tempos de névoa e dor,

Caminhávamos, perdidos, sem o amor,
A escuridão cobria o olhar,
E o futuro parecia se calar.

As ruas estavam vazias, sem luz,
Sussurros de medo, a alma que seduz.
Nos céus, um grito abafado ecoava,
A esperança, em silêncio, se apagava.

Os ventos traziam promessas de desatino,
O relógio parava, sem destino.
A dor era sombra, a sombra era dor,
E em cada passo, o eco do pavor.

Mas, entre as trevas, surge uma chama,
Tão pequena, mas com a força da alma.
Será que nos tempos sombrios haverá salvação?
Ou seremos escravos dessa escuridão?

Ainda assim, seguimos, passo a passo,
Em busca de um farol, de um novo abraço.
Que os tempos sombrios não nos roubem a verdade,
E que a luz brote, mesmo na adversidade.

Claudinei Oliveira

terça-feira, 5 de novembro de 2024

O que revela a palavra ATARAXIA?

 A palavra "ataraxia" tem origem grega e refere-se a um estado de tranquilidade e paz interior, caracterizado pela ausência de perturbação e ansiedade. No contexto do estoicismo, a ataraxia representa um dos objetivos fundamentais da filosofia: alcançar um estado mental onde as paixões e os impulsos não dominam a razão, permitindo que a pessoa permaneça equilibrada e serena, independentemente das circunstâncias externas.

Para os estoicos, a ataraxia é atingida por meio da prática da virtude e do autodomínio. Eles acreditavam que a felicidade e a paz de espírito não dependem de fatores externos, que estão fora do controle do indivíduo, mas sim da forma como se lida com esses fatores. No estoicismo, eventos externos – como sucesso, fracasso, ganho ou perda – são considerados indiferentes, ou seja, não são nem bons nem maus em si mesmos. O que realmente importa é a nossa resposta racional a essas situações.

Epicteto, um dos mais conhecidos filósofos estoicos, ensinava que devemos distinguir o que está sob nosso controle (nossas atitudes, pensamentos e ações) daquilo que não está (opiniões alheias, eventos naturais, circunstâncias externas). Esse discernimento, que ele chama de “dicotomia do controle”, é essencial para alcançar a ataraxia, pois evita que sejamos arrastados pelo que não podemos mudar. Quando aceitamos que o mundo segue seu curso independente de nossa vontade, e focamos apenas em moldar nossas próprias atitudes, nos aproximamos de um estado de serenidade.

Outro conceito importante para alcançar a ataraxia no estoicismo é o de “amor fati”, ou "amor ao destino". Este princípio incentiva a aceitação do curso da vida como ele é, amando cada evento como parte necessária do todo. Em vez de resistir aos acontecimentos, o estoico busca aceitá-los e até amá-los, pois entende que cada evento tem um propósito e contribui para o crescimento pessoal.

Portanto, a ataraxia, na visão estoica, não é apenas a ausência de emoções, mas um estado de liberdade interior em que as emoções e impulsos não tiram a clareza mental nem nos afastam da virtude. Esse estado permite uma vida mais plena, com menos sofrimento causado por expectativas, ansiedades e desejos insaciáveis. A ataraxia, enfim, representa o ideal estoico de paz e equilíbrio – um estado onde a mente se torna inabalável diante dos altos e baixos da vida.

Claudinei Oliveira

Eu sou porque nós somos

 Eu sou porque nós somos, raiz e ramo

Entrelaçados no vento, em um mesmo clamor.
Não há eu sem o nós que me sustenta,
Nem força sem o abraço do amor.

Na luz dos olhares, encontro meu norte,
E em cada mão estendida, o meu chão.
É no outro que vejo o reflexo,
Que me lembra de onde brota o coração.

Quando um cai, todos sentimos a queda,
Quando um ri, o riso se espalha, sem fim.
Sou parte do todo, sou parte de tudo,
Porque a essência de nós vive em mim.

Somos o eco da mesma voz,
O horizonte que juntos alcançamos.
Eu sou porque nós somos, unidos,
Em cada passo que damos, nos amamos.

Na partilha de sonhos e medos,
Na coragem que juntos criamos.
Eu sou porque nós somos, e sempre serei,
Um ser pleno, onde nós nos tornamos.

Claudinei Oliveira

Ser altruísta

 Uma pessoa que dedica sua vida a ajudar os mais necessitados é, sem dúvida, um exemplo de virtude e altruísmo. Essa escolha de vida é marcada por valores profundos, que se traduzem em ações concretas e inspiradoras. Em um mundo frequentemente voltado para o interesse próprio e o materialismo, alguém que se compromete em servir ao próximo evidencia qualidades raras e transformadoras.

Primeiramente, a compaixão é uma das virtudes mais visíveis em uma pessoa que se doa aos outros. Essa pessoa possui um olhar sensível e empático, capaz de enxergar além das aparências e reconhecer as dores e dificuldades alheias. A compaixão não é apenas um sentimento, mas um chamado à ação: é ela que motiva o indivíduo a estender a mão e a se importar genuinamente com o bem-estar do outro.

Outro valor essencial é a generosidade. A pessoa que se dedica aos mais necessitados doa seu tempo, suas habilidades e, muitas vezes, seus próprios recursos materiais sem esperar algo em troca. A generosidade vai além do simples ato de doar; é um reflexo de um coração aberto e disposto a compartilhar o que possui com aqueles que possuem menos. Essa virtude é uma força que aproxima e une as pessoas, criando um laço de solidariedade e esperança.

A perseverança é outra característica fundamental desse ser humano. Ajudar os outros, especialmente os mais vulneráveis, não é uma tarefa fácil, e muitas vezes encontra obstáculos. Contudo, a pessoa perseverante não desiste diante das dificuldades; pelo contrário, enfrenta-as com coragem e determinação. É alguém que sabe que, para fazer a diferença, é preciso constância e comprometimento, mesmo quando os frutos do seu trabalho demoram a aparecer.

Por fim, a humildade é uma virtude que acompanha e engrandece essa jornada. A pessoa que se dedica a servir entende que todos somos parte de um todo e que ninguém é superior ao outro. Ela não busca reconhecimento nem aplausos, mas age movida pela vontade de fazer o bem. A humildade a torna próxima dos outros, sem pretensões, inspirando-os com seu exemplo simples e autêntico.

Essas virtudes – compaixão, generosidade, perseverança e humildade – fazem de uma pessoa que ajuda os necessitados um verdadeiro pilar da sociedade. Ela não apenas transforma vidas, mas também ensina aos demais o valor de viver para servir, reforçando a ideia de que o mundo se torna melhor quando nos importamos com o bem-estar coletivo.

Claudinei Oliveira

Dia Chuvoso

 Amanheceu...

Muita lama no pátio da casa,

Sinal de muita chuva na madrugada,

Folhas caídas ao chão,

Mostrando que as gotas foram fortes.


Nenhum sinal de rastro,

O que aparecem são as marcas das águas

Rolaram pela descida do jardim

Nada as impediam de roçar o solo rochoso


As plantas verdejantes mostram alegria

Verdes, límpadas e suave

Grande dia

Foi a chuva na madrugada


Claudinei Oliveria

Incerteza e Transformação na Pós-Modernidade na Sociedade Líquida

Vivemos em uma era marcada pela volatilidade, onde as estruturas que antes pareciam sólidas se dissolvem em meio a mudanças aceleradas. Essa...